Nova agência defenderá energias renováveis
Apesar do grande potencial para fontes limpas, Brasil não assina o documento de criação da entidade que será uma força política para incentivar os governos a promoverem medidas para o estímulo de novas energias
Uma iniciativa do governo da Alemanha, Dinamarca e Espanha, a Agência Internacional de Energias Renováveis (International Renewable Energy Agency – Irena) é resultado de anos de debates e tem como um dos seus principais objetivos fazer um contraponto aos lobbies dos combustíveis fósseis junto aos governos mundiais. O ato de criação da agência foi assinado no dia 26 de janeiro em Bonn, na Alemanha, por representantes de 75 países, entre eles França, Itália, Nigéria, Chile e Argentina.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério de Relações Exteriores, o Brasil não assinou o documento porque os bicombustíveis e a energia hidroelétrica não seriam prestigiados pela agência, que terá um foco maior nas energias eólica e solar. Porém o país seguirá como observador e poderá em qualquer momento aderir a Irena.
Um dos objetivos da nova entidade é acelerar o processo de transição entre os combustíveis fósseis e as novas formas de energias. Para isso, ajudará governos a traçarem novas políticas e legislações assim como realizará consultorias e acompanhamento de empreendimentos no setor.
O maior incentivador da criação da agência, o parlamentar alemão Hermann Scheer, comenta a importância de um órgão como esse para romper as barreiras e os preconceitos com relação às novas energias. “Durante muitos anos as energias renováveis foram subestimadas. Autoridades mundiais estavam desinformadas ou desinteressadas. Nós temos que finalmente ativar todo o potencial técnico, econômico e humano que possuímos e colher a energia que está praticamente em todo o lugar a nossa volta”.
Outro fator importante da criação da Irena é o de se ter um órgão internacional que faça a defesa das energias renováveis, assim como a Agência Internacional de Energia (AIE) e algumas empresas fazem para o petróleo, gás e carvão. “Será uma forma das novas energias terem como combater os lobistas da AIE. Também é uma maneira de centralizar os esforços para conquistar determinados objetivos”, conta o diretor do Instituto Ideal, o pesquisador Ricardo Rüther, que esteve presente no lançamento da Irena, em Bonn.
Contudo Rüther destaca que ainda serão necessários alguns meses para colocar a Irena em funcionamento. “É preciso reunir recursos humanos e financeiros para que possam se iniciar os trabalhos. Os países signatários se comprometeram a ajudar na aquisição desses recursos.”
Brasil
Causou estranheza aos presentes em Bonn que o representante do Brasil não tenha assinado a criação da Irena, uma vez que países que não tinham interesse nesse momento na Agência, como EUA, Japão, Austrália e Canadá, já deixaram claro essa postura ao não enviar representantes.
“É curioso que o Brasil, com tanto potencial para as energias renováveis, escolha não se envolver agora. Esperemos que no futuro próximo os EUA venham a assinar motivados pelo presidente Obama e então o Brasil reveja sua decisão”, explica Rüther.
Rüther comenta que o Brasil poderia ganhar muito com o apoio da agência internacional. O pesquisador usa como exemplo o PROINFA, que é um programa coordenado pelo MME com o objetivo de diversificar a matriz energética nacional. “O PROINFA está avançando de maneira bastante empírica, na base da tentativa e erro. Se tivéssemos um conhecimento maior das experiências de outros países com o mesmo tipo de programa pouparíamos tempo e dinheiro. Esse conhecimento poderia ser fornecido pela Irena”.
Copa do Mundo Solar
Apesar de não ter assinado a criação da Agência, o Brasil está empenhado em diversos projetos de energias renováveis. Por exemplo, em novembro de 2008, foi criado um grupo de trabalho no MME para estudar projetos de geração distribuída com sistemas fotovoltaico e que vem pesquisando diversas aplicações dessa tecnologia.
Um dos experimentos mais promissores está sendo preparado para a capital de Minas Gerais. “Existe a possibilidade, nos próximos cinco anos, de painéis solares nos telhados de Belo Horizonte. A cidade possui a maior radiação solar do país e ao mesmo tempo uma das mais altas tarifas energéticas”, comenta Rüther, que faz parte do grupo de trabalho.
Outro projeto que pode sair do papel é o de abastecer com energia solar os estádios da Copa do Mundo de 2014, cujas cidades sedes serão decididas em março.“Já enviamos uma carta para o presidente Lula e tentaremos falar com ele diretamente para viabilizar essa iniciativa, o que daria uma visibilidade muito grande para as energias renováveis em todo o mundo”, conclui Rüther.
Um comentário:
oia vc postou no blog
muito bom o texto
te amo muito
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